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Melhores Amigos

Lajcsi (meu avô a esquerda) e Kornél (seu melhor amigo)

General Haan

Este navio trouxe meus tios e meu pai.

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Finalmente publicado. Quem tiver interesse em conhecer minha obra, segue abaixo link:

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Táncház - O Baile

            Um galpão enorme. Do lado de fora era possível ouvir a música alegre. Ao entrarem Lajcsi arregalou os olhos ao ver toda aquela animação. Do lado direito, um balcão onde eram servidas as bebidas e petiscos, no fundo do salão um pequeno palco onde estavam os músicos. O baile estava animado, Kornél já estava de olho em uma garota e Lajcsi um pouco bêbado dançava com todas que apareciam. Um contrabaixista, dois violinistas e um celista animavam e aqueciam aquela noite fria. Kornél pediu uma música para os artistas em homenagem ao amigo. Quando a música começou, apareceu em sua frente uma mulher que deixou Lajcsi petrificado. Morena, com cabelos longos negros como a noite e olhos verdes, com um corpo quase perfeito, não fosse uma queimadura em seu braço esquerdo que deixara marcas na infância e que procurava ocultar sob aquele lindo vestido, longo e vermelho com detalhes em amarelo e strass. Filha de ciganos, ela mantinha as tradições de seus pais.

                - Boa noite! Adoro esta música, gostaria de dançá-la comigo? - Com uma voz suave e firme ela o cumprimentou.

                - Será uma honra para mim, dançar esta música com você, não imaginava que freqüentava este lugar, Irén. – e os olhos de Lajcsi brilharam.

                - Eu também me divirto, ou você acha que fico somente trabalhando?

                Os dois dançavam com tamanho sincronismo como um par de dançarinos profissionais. Não desgrudavam os olhares, desligados do mundo, nem reparavam os outros casais na pista e nem seu amigo aplaudindo ao lado. Eles Dançaram o resto da noite. Antes de se despedirem ela o convidou a tomar uma cerveja.

A Cortina de Ferro

               Criada para separar a Europa Oriental da Ocidental, prejudicou o crescimento e fortalecimento das economias dos países que faziam parte do eixo oriental. Além disso, com a pressão do comunismo, muitas famílias acabaram abandonando seus lares, com medo de uma nova guerra, fugindo para outros países em busca de paz e um emprego. Muitas famílias foram mortas por tentarem atravessar as barreiras que eram formadas em muitos lugares de 2 cercas paralelas com um pequeno espaço separando uma da outra e em muitos locais, esses espaços eram forrados por minas, verdadeiros campos minados onde muitas famílias perderam a vida.

A fuga

               Com o fim da guerra e a entrada dos soviéticos, a caça aos soldados que lutaram ao lado dos nazistas e também com todas as famílias que tinham sobrenomes ou nacionalidade alemã iniciara. Muitos ex combatentes foram levados a presídios na antiga união soviética, muitos morreram e outros jamais retornaram a suas famílias.

Fim da Guerra

               A quem acredite que o fim da guerra veio com a morte de Hitler, mas meses depois tropas nazistas ainda resistiam a ataques. 

               Outro detalhe que muitos não sabem é que os países que fizeram acordos ou foram ocupados pelos nazistas, foram obrigados a lutar ao lado deles. Com isso duas situações delicadas acarretaram enormes problemas para a população. 

1º Com a ocupação dos Soviéticos todos os soldados que lutaram ao lado dos nazistas independentemente de sua nacionalidade, foram presos e passaram por interrogatórios e muitos torturados. Os que conseguiam fugiam de sua terra natal seguiram para países que não tiveram ocupação soviética e muitos fugiam para outros continentes, como América e Oceania.

2º Pessoas e famílias que tinham sobrenome alemão, mesmo tendo nascido em outro país ou que viviam em outro país eram presos, também passavam por interrogatórios e posteriormente eram expulsos de suas casas e do país.

               Com isso, podemos concluir que muitos sofreram com a falta de ética e com os procedimentos equivocados dos soviéticos.  

Ilha das Flores

               Todos os imigrantes assim que chegavam ao Brasil eram obrigados a permanecer em uma hospedagem para imigrantes, que também serviu como presídio na revolução constitucionalista de 1932. Na verdade os imigrantes eram levados até a ilha para uma quarentena, para que as doenças e pestes não fossem levadas ao continente.  

Imigrantes

               Sem saber falar ou entender o idioma, a cultura e costumes e nem mesmo conhecer nada sobre o país, todos que deixaram suas casas e sua terra natal atravessando o oceano, encontraram muita dificuldade para se adaptarem. Alguns superaram expectativas e tornaram-se ótimos empresários e pessoas de sucesso. A verdade é que mesmo com todo o sofrimento, todos conseguiram se estabelecer e criar suas famílias.

Adoção

               Após serem adotados as famílias não se preocupavam com a saúde ou com a educação, mas sim com o reembolso que o governo dava. Se esse sistema fosse implantado no Brasil, o que acha que aconteceria?

Kispest

               Onde os irmãos nasceram e guardaram durante toda a vida lembranças e cicatrizes de uma infância sofrida e roubada. Local onde formaram amizades que duraram toda vida.

Novo Começo

               Como seria deixar tudo para trás e seguir para um lugar que até então pouco se ouvia falar? Foi exatamente assim que aconteceu com os quatro irmãos. Passando por dificuldades financeiras, fome, sem uma casa para morar, sem saber falar o idioma local e sem emprego. Mesmo assim, eles e muitos outros imigrantes conseguiram superar as dificuldades e constituiram suas famílias e deixaram uma marca na história dos dois paises.

Navio

               Navios de gerra utilizados pelos aliados na segunda guerra mundial, serviram como transporte de imigrantes, principalmente para o continente americano. Muitos navios americanos trouxeram europeus imigrantes para o Brasil.

Imigrantes

               Durante a 2ª Guerra Mundial e nos anos seguintes ao término milhares de húngaros fugiram ou abandonaram seus lares. Muitos com apenas a roupa do corpo se aventuraram em países completamente desconhecidos, onde o idioma e a cultura eram totalmente diferentes, mesmo assim, eles conseguiram superar as dificuldades e formaram famílias e alguns até mesmo grandes fortunas.

Registro

               Finalmente recebi o registro do livro Passagem para o Ocidente da Biblioteca Nacional. Agora só falta encontrar uma editora disposta a publica-lo.

Lágér (Campo de Refugiados)

               Os campos de refugiados na Áustria e em outros países durante a segunda guerra mundial era o local onde as famílias ficavam quando fugiam de suas casas e seu país. Lá eles recebiam moradia, comida e orientação para trabalhos.

O Jogo

- Pessoal, o jogo de hoje é muito importante. No ano passado ganhamos duas vezes deles e perdemos só uma, e esse ano não deixaremos que eles ganhem nenhuma vez.

- Não estou muito animado, mas não vou abandonar o time. – com a fisionomia triste Laci chutava as pedras da rua.

Eles estavam tão nervosos que os garotos do time adversário não conseguiram passar uma vez sequer por eles. Tibi deu um carrinho que levantou o melhor jogador do time adversário. Laci estava com a cara tão fechada que os zagueiros ficaram com medo dele e além de fazer um gol deu três passes longos que Puskás não teve muito trabalho em marcar os gols, até Dudi que era o menor e mais novo do time deu uma joelhada no menino que o marcava. No final do jogo, cinco meninos estavam mancando e um com a boca sangrando de uma cotovelada que levara de Lajos. Depois deste jogo o Unikum ganhou a fama de time mais violento da cidade, até mesmo o Tigris que era o mais respeitado tinha medo de jogar contra eles.

Cumprindo Ordens

                A Hungria e outros países europeus se aliaram ao exército nazista de Hitler. Todos os soldados foram obrigados a cumprir ordens superiores, independente de ser nazista ou não. Em Passagem para o Ocidente é possível acompanhar uma parte desse dilema. Imagine hoje, com a miscigenação você como soldado e seu país se alia a um tirano que vai contra todos os seus princípios, o que você faria?

Campo de Refugiados

                Com o fim da segunda guerra mundial, alguns problemas surgiram. Homens, mulheres e até mesmo famílias inteiras foram expulsos ou fugiram de suas terras, alguns por terem lutado ao lado dos nazistas e outros apenas por terem um sobrenome alemão. Na Austria e em outros países fora da cortina de ferro, campos de refugiados foram erguidos, lá as famílias recebiam amparo para tentarem reiniciar suas vidas, já que não poderiam retornar ao seu pais de origem.

Guerra

               Em Passagem para o Ocidente, todos são surpreendidos pelo início da 2ª guerra mundial. O que você faria se por acaso o Brasil fosse palco de uma guerra mundial, passando pela rua de sua casa ou de ruas do Estado de São Paulo, Rio de Janeiro e outras?

A Despedida

Kispest, 1º de Março de 1939.

                Uma chuva forte batia na janela do quarto das crianças. O dia escuro e frio, como há muito tempo não se via. Lajcsi sem paciência abriu a porta e passou pela cama de cada um dos meninos e os acordou. As crianças levantaram, tomaram um banho quente e com suas malas desceram para tomar o último café da manhã juntos naquela casa. Iren fez bolo de milho, leite quente, omelete e pão de milho, uma coisa que ela nunca havia feito para nenhum deles. Ao terminarem o café seu pai pediu para que eles pegassem as malas e o acompanhasse. Dudi desceu correndo, ainda de pijama e chorando perguntou para onde iriam, mas nenhum deles sabia. Tibi com os olhos cheios de lágrimas abraçou forte o irmão.

                - Não chore, aconteça o que acontecer virei buscá-lo.

                Laci também abraçou o irmão.

                - Seja forte, não faça nada de errado que logo voltaremos.

                Lajos, de cara fechada, soluçando por conter as lágrimas deu um abraço no irmão e entregou a ele um soldado de seu forte apache.

                - Ele irá te proteger enquanto estivermos longe. Obedeça ao papai e tente não arrumar confusão com essa louca.

Novo Mundo

               Atualmente é possível acompanhar tudo que acontece no mundo em tempo real através da internet e televisão. Assim, você, mesmo sem saber o idioma, ou mesmo sem ter nunca pisado no solo daquele país, consegue conhecer os principais pontos turísticos, a cultura, as dificuldades financeiras e até mesmo procurar emprego. Agora, imagine você em 1949, sendo obrigado a fugir de seu país, tendo que atravessar o oceano, chegar em uma terra onde ninguém fala o seu idioma e vice-versa, olhar para trás e ver que nunca mais, mesmo que tenha saudades de sua terra, poderá voltar, visitar os amigos, sua família ou mesmo conviver em sua própria cultura. Nessa terra, você não tem parentes nem amigos, nunca ouviu falar deste país, e para piorar levam você para trabalhar em uma fazenda, sem você nunca ter trabalhado na terra e tudo isso com apenas 19 anos, sem seus país, apenas um irmão mais novo e um mais velho.
               Muitos, não só os bravos personagens deste maravilhoso livro, mas milhões de imigrantes partiram em situações semelhantes e aqui formaram família e alguns até mesmo fortunas. Será que hoje mesmo com essa tecnologia e todas as facilidades ao nosso alcance conseguiríamos fazer o mesmo?

Dificuldades e Pressão

               Em Passagem para o Ocidente, quatro irmãos são obrigados a passar por diversas situações como, adoção, trabalhos forçados, guerra, prisão e outras mais. Como você reage quando esta passando por uma situação de extrema dificuldade e pressão?

A Ideia

               A ideia de começar a escrever este livro partiu depois de um momento de desespero. Estava desempregado a mais seis meses, nenhuma das entrevistas de emprego eram favoráveis, a família já não me via com bons olhos, ou por dó ou por gestos de negação, ou mesmo, tudo foi fruto de minha imaginação devido a esse desespero.               
                Em um determinado dia, resolvi sentar a frente do computador e escrever, comecei com uma história egípcia, mas por não ter a história desenvolvida em minha mente, acabei abortando essa primeira ideia. Em seguida, lembrei das histórias que meu pai e meus tios contavam sobre suas vidas na infância, isso me fez pensar em como seria interessante contar essa história. Novamente, sentei em frente ao computador e comecei a escrever. Pesquisei, gravei conversas com meu tio, afinal na época ele ainda era vivo. Graças a essa minha iniciativa e o apoio de minha esposa, consegui dar a volta por cima, melhorei minha alto estima e consegui um emprego que me fez voltar a realidade do mundo.

O início - The Beginning

Kispest, 18 de Dezembro de 1937.

Uma forte nevasca atingiu a cidade durante a madrugada. Pela manhã a paisagem mudara. Casas com seus telhados cobertos de neve, ruas e calçadas com neve até os joelhos, as árvores estavam totalmente brancas. Não era possível ver as montanhas pela neblina densa que descia em direção a cidade cobrindo a visão do céu e do horizonte. A temperatura baixara bruscamente, pegando todos de surpresa, um silêncio absoluto tomava conta da cidade. Aos poucos algumas pessoas começavam a se aventurar entre ruas geladas e escorregadias usando gorros que cobriam boa parte do rosto e orelhas, além de luvas de lã para aquecer as mãos. Desprotegida apenas a ponta do nariz vermelha e queimada pelo frio.

Maria, uma jovem mulher com seus trinta e seis anos, mãe e esposa dedicada sempre colocava a família em primeiro lugar. Cabelos negros e sempre presos, um andar elegante, voz suave e envolvente, preparava o café enquanto Lajcsi seu esposo, charmoso, gostava de andar sempre bem vestido, cabelo e barba impecáveis, olhos pretos e um corpo de dar inveja, com andar tranquilo tenta acordar as crianças. Tibi aos nove anos era o mais esperto dos irmãos. Lajos o mais velho com onze anos era o teimoso e emburrado. Laci com sete anos sempre foi o mais rápido e mais elegante. Dudi aos quatro anos, o mais novo e mais preguiçoso. Após um reforçado café da manhã, com leite quente e um delicioso pão com omelete, Maria acompanhou os meninos no caminho da escola. A neve estava tão densa que os forçou a mudar o caminho passando por uma rua estreita cercada por sobrados antigos de até três andares. A bota de Maria enroscou em um galho e ela foi obrigada a parar, as crianças continuaram andando e jogando bolas de neve uns nos outros, quando de repente ouviram um estrondo.

- Mãe!...


Kispest, December 18th, 1937.

A Strong blizzard fell over the city during the early morning. At sunrise the view chamged. House’s roofs were covered with snow, so were the streets and sidewalks, the snow got the height of an adult man knees. The trees were all white. It was not possible to see the mountains because of the dense fog that came through the town covering the view of the sky and the horizon. The temperature fell harshly surprising everyone, not a single tweet could be heard from north to south. Slowly, a little amount of people started adventuring themselves around the cold and slippery streets, wearing coats which were covering the whole face and ears, letting unprotected only the already red tips of the noses, and wool gloves to make an effort to warm up the hands.

Maria, a thirty-six aged woman, dedicated wife and mother Always letting her Family in the top of the list. Black tied hair, an elegant pose walking, sweet and involving voice, was cooking the breakfast while Lajcsi, her charming husband, as usual well-dressed, with impeccable beard and black hair and a nice physique, tried to wake the kids. Tibi at nine was the smarter of the brothers. Lajos the oldest, was eleven with a hard personality, was very headstrong and sulky. Dudi, at the age of four, was the youngest and the laziest of all brothers. After a strong breakfast, with warm milk and a delicious omelet sandwich, Maria followed the boys on their way to school. The snow was so dense that made them change their course passing through a tight street surrounded by old big houses of over then three floors. Maria’s boots twisted in a branch making her stop, the kids kept walking and throwing snowballs at each other, when all of a sudden they heard a really loud sound.

- Mom!...